Independente das correntes que circulam no corpo partidário do Partido dos Trabalhadores, o PT conseguiu produzir a valorização da filiação partidária e a necessidade do exercício de cidadania via representação institucional legítima, que elege seus mandatários. O partido é maior dos que os seus representantes.
A eleição dos seus diretórios pelo Brasil afora é a demonstração democrática, com sua pluralidade de idéias, sem macular o resultado final convergente ao bem comum. A tradição partidária inexiste no País, mas o PT consegue, ainda com alguns defeitos a serem corrigidos, criar confiabilidade com base no fundamento ideológico, algo que se perdeu em muitos partidos nascidos com a mesma proposta, porém deformados por infecções doutrinárias e falta de uniformidade nas metas.
O PT consegue hoje produzir fatos com as eleições de seus diretórios. Qual outro consegue tanta visibilidade aos seus correligionários? Os demais eram movimentações nas convenções, em épocas de eleição, o que para o PT é a segunda maior festa política. A terceira se dá quando se vence o pleito.
O segundo turno nas eleições internas do PT chega a ser emocionante, com bocas de urnas e manifestações da militância, que, em muito superou, o maior partido do País, o PMDB. Por inveja, algumas siglas preferem ignorar essa estrutura sólida para manter as comissões provisórias nos Municípios com cabresto e chicote de manipulação para indicar protegidos sem nenhuma capacidade de presidir um partido. Um curral com vaca leiteira somente para as regionais e nacionais.
Se existe um partido a ser copiado no quesito estrutura partidária é o PT, repito: independente de suas tolices eleitorais. O Partido dos Trabalhadores proporciona uma verdadeira festa democrática no País como esse movimento partidário de pleito interno. A mídia não ignora. Faz suas análises. E se rende nas coberturas como fato relevante em suas pautas.
O PMDB foi o que mais se aproximou dessa realidade pelo antigo MDB – Movimento Democrático Brasileiro. Contudo, descambou para a realidade da barganha, tanto que há muito tempo, desde Ulisses Guimarães, prefere barganhar ministérios e fazer composições a lançar candidatura própria.
As convenções peemedebistas no País, nos Estados e Municípios eram disputadas como verdadeiras batalhas, estimulando os debates no campo das idéias. Acabou. O partido sofre de personalismo terminal, narcisismo idólatra, com finalidades até escusas. Brigam por cargos como animais em bando por comida. Insaciável.
O PT tem isso de bom. Briga internamente para se manter unido e sair fortalecido para a briga eleitoral. Parabéns aos petistas por manter a tradição partidária. E se aprimoraram! Não são mais exclusivistas e selecionam alianças possíveis.
O artigo de hoje é para apontar as virtudes. Os defeitos, só se forem dentro de outra conjuntura. Nesta, é para o bom senso aplaudir.