No Dia das Mães, os dois principais jornais da Capital, publicaram – e acho, não combinaram -, pesquisas eleitorais sobre as eleições de 2010 majoritárias no Espírito Santo. A coincidência das veiculações fica no mesmo dia por conta do acaso. Os resultados, estes devem ficar na conta da encomenda para propósitos específicos. O filme é antigo. Nem os protagonistas mudaram.
Independente dos números, dos resultados assemelhados, os veículos de comunicação, talvez dentro da teoria do caos, almejaram comunicar o objetivo: o governador Paulo Hartung (PMDB) não é traidor; vai muito bem obrigado; e acertou nas suas decisões consideradas, ainda, como esdrúxulas e perversas. E para esta engenharia der calculo estrutural duvidosa era necessária a garantia, principalmente, de alguns números.
O jornal A Gazeta, com o Instituto Futura, comunicou algo curioso: Uma parte ínfima da população sabia do “abril sangrento”, do “fogo amigo” e de que seu recente pupilo Ricardo Ferraço (PMDB), há quatro anos se preparando para sucessor, confessara estar “sangrando”. Paulo Hartung, com esses resultados, provou que a tortura no calabouço não chegou ao público, mas apenas até aos átrios do castelo. E para arrematar, sua popularidade é maior no ES do que o maior líder do Brasil, Luiz Inácio Lula (PT).
A Gazeta foi mais ousada no jogo de xadrez do governador e incluiu Magno Malta (PR) quase empatado com o socialista Renato Casagrande (PSB), o substituto, sabendo que a natureza parlamentar jamais se aventuraria em águas não cristalinas da política capixaba. Objetivo: tirar o foco o republicano e confundir o eleitor, puxando-o para uma cilada da qual não poderia depois sair.
O jornal A Tribuna, com o Instituto Enquet, foi mais incisivo em consolidar os números, mostrando aos leitores e eleitores supostas realidades tais como: Todos os votos de Ricardo Ferraço foram para Renato Casagrande. Não ficou nem um tiquinho para o tucano Luiz Paulo Veloso Lucas (PSDB), cujo presidente, José Serra, em sua terra, está quase vencendo no primeiro turno. E ainda, o vice-governador quase ficou com todos os votos, principalmente o primeiro voto, do governador quando ainda pré-candidato a senador. Algo fenomenal. Espetacular!
Enfim, as duas pesquisas, encomendadas para saírem no mesmo dia, difícil de ver com antecedência do pleito, são velhas conhecidas do mercado eleitoral para lançar pretensões interesseiras, sendo dissimuladores no antes e se positivando diante dos institutos nacionais ao final do pleito.
As pesquisas capixabas não são retratos do momento. São radiografias dos políticos cancerígenos, em busca de curas. Mas, a cura vem mesmo de dentro das urnas.