Vejo-me, agora, com aproximadamente 7 anos de idade, já em busca da predestinação. Determinado a saber o motivo de existir. A exterioridadade me assustava. Ir à escola, primeiro pelas mãos de minha mãe, depois sozinho, andando cerca de 3 quilômetros, era algo misterioso, de descoberta. Minha quietude permanecia na sala de aula, com poucos colegas.
A timidez, talvez, surgira do nascimento. Mistura de genética e condicionamento social. Alimentei mecanismos de defesa. Não admitia não ficar entre os melhores, em quaiquer áreas. Minha notas tinham de ser boas, mesmo a matemática sendo minha algoz. Nas deficiências extra-curriculares, ausentava-me para não receber avaliação abaixo da média. Em todas as brincadeiras e jogos de crianças eu era o melhor ou um dos melhores.
Por essa fase ainda, descobri parte da minha sexualidade. Tentava imaginar, pelas conversas dos adultos, como era beijar e como seria um órgão sexual feminino. Então, no acaso, a beira do Rio Itapemirim, que corta a cidade, encontrei uma revista sueca, com imagens impactantes de relações explícitas. Não me lembro ter ficado excitado, mas surpreso pelas cenas coloridas.
Escondi o “tesouro” no porão da velha casa onde morava, com destaque para o pé de abiu no quintal, uma fruta, hoje, pouco cultivada, mas doce como néctar. Não guardei o segredo. Compartilhado com outro colega – não me lembro nome e nem feição -, ensaiamos no toque inspirado no achado, em revesamento, sem nenhuma inserção. Coisa, literalmente, de criança. Nada de prazer. Só a curiosidade!
A vida introspectiva tinha seus segredos, muitos, e irei contá-los, sem censura, na medida do alcance da memória.
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