CAPITULO 3
Nuvens dizem mais sobre a vida do que as linhas das mãos. Elas aparecem do nada, monstros, e também faces em formação.
No escurecer, quando esses flocos de neves esparramados pelo espaço, todo olho espera, quando negras, a chegada do trovão.
Lugar introspectivo, à beira de límpido lago, entre as mais altas folhagens, o céu azul promete lindas imagens rascunhadas, rasgadas e largadas.
Céu cinza entristece o coração, pois sem cor, este teto reflete no chão os espinhos pelos quais o homem terá nele seu único caminhar.
Quando se concentram e se conectam umas com as outras, lembram exércitos preparados, avançam nos pastos recém-arados.
Se invertessem os lados, as areias do chão brilhariam como estrelas ao anoitecer da lua cheia e o firmamento acima sem seus astros.
Esparramadas e preguiçosas, são produções kafkiana. Espectadores aguardam o desfecho final. É trama. É drama, É lagrimal. Ariana!
São musas dos poetas que olham para o alto na esperança de mais adereços. Quantas oportunas escolhas por fazer em tantos avessos.
Quem nunca as apreciou, nunca saberá o que é vida real. As nuvens são condutoras de energias e vazios em contornos colossais.
Movem-se em blocos para aonde a corrente de ar levar. Porém, escolhem paradas para os predestinados receberem suas cartas e sinais.
Viajam por todos os recantos da Terra e passam por todas as estações: do inverno à primavera, cobrindo de amor os desencantos.
Carregam consigo pasmas as marcas dos corpos incrédulos, também sepultura de almas com fé, cheias de carmas e de ectoplasmas.
As nuvens são testemunhas dos caminhantes errantes e choram torrencialmente com tantas maldades. Choram chuvas, chuvas sem parar.
Salomão, o mais sábio de todos, disse uma heresia, que novidade alguma existia debaixo do céu. Devia procurar mais nas entranhas a fundo.
Somente as nuvens, que vão e vem, sabem de tudo sobre os seres abaixo em todo o tempo, sejam noites, sejam dias. São damas, são vadias.
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