HARTUNG SOFREU CONSPIRAÇÃO POLÍTICA NO MOTIM DA PM DO ESPÍRITO SANTO

*Por Jackson Rangel Vieira

Não tenho dúvida. O governador Paulo Hartung (PMDB) foi vítima de conspiração político-eleitoral: por dois senadores Ricardo Ferraço (PSDB) e Magno Malta (PR) e por membros da Assembléia Legislativa. Aproveitaram-se de um movimento sem líder para insuflar o encorajamento da paralisação da Polícia Militar no Espírito Santo.

Os dois senadores não têm nenhum álibi. Ambos vêm atuando em dupla “Cosme e Damião” para a reeleição, a mesma vaga pretendida pelo Chefe do Executivo, o que produziria a exclusão de 1 dos 3 dos dois assentos disponíveis em 2018. Magno deixou seu novo colega – eram desafetos – ir para o front no jogo político que fez média com as mulheres dos militares.

Ricardo Ferraço emitiu nota oficial defendendo o diálogo, sabendo que o movimento não tinha nem pé e nem cabeça, achando que a população ficaria em tempo integral a favor da matança, saques e assaltos em sustentação aos militares de braços cruzados. Deu errado. O excesso e ação rápida do governador em não ceder encolheu a coragem do tucano.

Outro fato inequívoco da conspiração – as mulheres dos militares foram usadas para a manobra – tem conjugação com a eleição da nova Mesa Diretora da Assembléia Legislativa que passou pelo Chefe de Gabinete do Palácio Anchieta. A retirada a força da reeleição do então presidente do Legislativo, Theodorico Ferraço (DEM), pai do senador Ricardo, foi o estopim.

Nesta simbiose de magoados, nem todos votaram espontaneamente ao gosto do governador. Fingiram. O Poder Legislativo se sentiu sub-julgado. Theodorico que é espalhafatoso, ficou quieto. Mas, o deputado estadual Josias Da Vitória (PDT) ousou ir no ninho do serpentário e , a pretexto de ajudar, produziu ânimo incertos aos policias militares rebeldes e suas esposas em reuniões de isopor.

Tudo isto acontecendo na ausência do governador em SP, quando estava retirando tumor na bexiga no hospital Sírio Libanês. A senadora Rose de Freitas (PMDB) até participou de uma reunião, mas percebeu logo que a motivação fugia do razoável. Saiu fora.

Da conspiração, o mais incrível foi aquela máxima do “assassino” que vai ao enterro da vítima. Foi o que fizeram Ricardo Ferraço e Magno Malta, acompanhando os ministros da Segurança Nacional, em nome do Presidente da República, ouvindo deles que não teria acordo e que estavam ali para reforçar a posição do governador Paulo Hartung. Não pediram aparte perante a Imprensa Nacional e saíram com os “rabos” entre as pernas.

O deputado estadual Theodorico enviou para as redes sociais uma nota mal escrita, pedindo a cabeça do Secretário Estadual da Segurança. Assinatura da autoria da conspiração em curso com o filho e outros protagonistas mais encolhidos.

Quando surgiram boatos de que o governador poderia fazer dupla com o deputado estadual Amaro Neto (SD), que tem estilo semelhante a do senador Magno Malta (discurso populista), o republicano ficou no bastidor tramando, ardilosamente, com Ricardo, forma de ir para um enfrentamento com o governador, visando preservar a reeleição para as duas vagas. A ocasião, insatisfação dos militares, fez a conspiração.

O instinto de sobrevivência e obsessão pelo poder resultou em mais de 300 mortes em oito dias, prejuízos de mais de 300 milhões ao Espírito Santo, pânico na população e surto psicológico em dezenas de policiais que chegaram tentar tirar a própria vida dentro dos quartéis, o que exigiu a retirada desses homens por meio de helicópteros do Estado.

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PMs surtados nos quartéis e resgatados pelos helicópteros do Estado

Conspiração produz isto: sangue inocente, estado anárquico e a história escrita com inverdade. Comecei o texto na primeira pessoa de propósito, para encerrar afirmando que sou um desafeto do governador em mão dupla, nem por isso, tenho compromisso com a mentira, muito menos com o erro.

*Jackson Rangel Vieira é jornalista, colaborador do Portal da FOLHA DO ES