A minha esposa, Cristiane Feu Rangel Vieira, a caminho do trabalho, foi abordada por dois marginais que atuam com frequência na região de Cachoeiro de Itapemirim-ES. Fizeram a abordagem de praxe, com revólver em punho, arrancaram uma bolsa e tentaram levar a outra. Ela reagiu – nunca recomendado – e ficou sendo arrastada pelo chão, quando no pedido de socorro, os meliantes decidiram ir embora.
Ela chamou o Secretário de Segurança, Coronel Guedes Júnior – tinha o telefone dele na agenda, que enviou viatura para “espiar” a situação. Ele comanda uma Guarda Municipal sem arma. Um dos guardas lamentou e disse que não adiante prender porque a delegacia solta. Esta frase é ouvível desde quando só existia policiamento constitucional entre Polícia Militar e Polícia Civil.
Não sabe quando esse filme de terror terá fim. Constrói-se mais cadeira? Ressocializar a superlotação não tem jeito. Ou extermina seletivamente os de alta periculosidade – pena de morte não é permitido no Brasil – e existe comissões de direitos humanos cuidadores impecáveis pelos seres humanos deformados.
Enquanto prendem mal e não existe uma reforma do Judiciário, bem como da Segurança Pública, ficar-se-á discutindo quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. A PM tem birra da PC e a recíproca é verdadeira. A Polícia Federal se sente acima das outras duas. Enquanto se digladiam sobre fronteiras e jurisdição, a sociedade está aprisionada nas suas casas. Para trabalhar é preciso pagar a bandidagem, porque é mais seguro.
Os números
O Brasil é o terceiro país com mais presos no mundo. De acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) de 2015 e 2016, divulgado nesta sexta-feira, a população carcerária no ano retrasado foi de 698.618, e de 726.712 em 2016. A comparação com outras nações só foi feita em 2015. O Infopen é um banco de dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça.
Naquele ano, o Brasil (698,6 mil) ultrapassou a Rússia (646,1 mil) e só ficou abaixo de Estados Unidos (2,14 milhões) e China (1,65 milhão). Logo após o Brasil, vem a Índia, em quinto, com 419,62 mil detentos. O Marrocos tem a menor população carcerária em números absolutos: 79,37 mil.
O número de internos mais do que dobrou em relaçãõ a 2005, quando 316,4 mil pessoas estavam presas. Em 1990, começo da série histórica, a quantidade era oito vezes menor do que a de hoje: 90 mil.
O Brasil é o terceiro em taxa de ocupação das cadeias (188,2%), atrás apenas de Filipinas (316%) e Peru (230,7%), e o quarto em taxa de aprisionamento por cem mil habitantes. O índice brasileiro, ainda para 2015, é de 342, menor somente do que Estados Unidos, Rússia e Tailândia. “Nos últimos cinco anos, Estados Unidos, Rússia e China diminuíram suas taxas de aprisionamento, enquanto no Brasil esta taxa aumentou”, ressalta o estudo.
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