Quando começou a procurar o significado pelo que sentia sobre forças além do explicável, entrou numa fase de questionamento sobre o porquê de tudo. Cada grão de areia era representativo. Objetos tinham valor memorial. A curiosidade se uniu à necessidade de resposta para explicar a existência dos seres e das coisas.
A fase inicia, mística, exigiu sua predestinação na escrita ao adotar o hábito de registrar em diários todas as suas ações no corpo e no pensamento. As narrativas, ora ingênuas , ora bizarras, formando, em princípio, um mundo estranho. Relatava emoções de todas áreas patológicas, biológicas, psicológicas e sociológicas, como amador.
Nos diários, foram uns três cadernos, escritos a mão – guardados até o dia de hoje – , contavam as compulsões platônicas pelas adolescentes de sua idade e sua incontinência masturbatória que o prendia e o açoitava como chicote do sentimento de culpa. Era pecado. Mas como ele sabia que era algo errado? Algo dentro dele dizia que sim.
Ainda trancafiado na timidez, chorava porque não tinha coragem para sair do imaginário e consumar entrelace com suas sereias. “Ela estava de camiseta branca sem sutiã mostrando os seios durinhos como maças. Seu short não cobriam as coxas grossas e provocadoras”, uma das frases cunhadas pelas suas mãos através de uma caneta Big.
Jackson Rangel tinha medo que alguém descobrisse as faces da sua mente sobre o cosmo governado por ele. Os amores poéticos dominavam a sua vida e impulsionavam a construção de sua personalidade para vagar no surrealismo inevitável. Era predestinado a sentir diferente todas as dores e prazeres, sem conhecer a verdadeira felicidade.
Deus entrou no meio desse turbilhão de sentimentos e virou personagem enlouquecedor na sua história, no seu espaço, no seu tempo…era sensação não aprendida, espontânea, instintiva e primitiva. Nas assertivas, retidamente, passou a mencionar Deus e também o chamava de Criador como apelo para ajudá-lo a compreender o “porquê”. Nasce o místico.
Está tudo nos diários.