Mente Proibida: Capítulo 8 – O Encontro


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A procura pelo responsável da vida foi intensa a partir do momento em que nunca mais se livrou da culpa por existir. A Bíblia, aos 14 anos, passou a representar o mapa para encontrar o sentido entre o que chamavam de céu e inferno.

O diálogo imaginário, agora, imaginava, seria sedimentado pela leitura da história real desse cenário, ainda que fosse pela fé. Naquela época, nunca atribuiu a Deus os horrores da vida. O criador era a distância da perfeição a da nossa impureza.

O diálogo com o Ser Supremo era diário. Na sua mente a Luz habitava. Dominava o adolescente que já se sentia adulto só por estar acima da média – achava – dos pensamentos dos jovens da mesma idade. A natureza era o ponto canalizador dessa energia.

Numa dessas incursões de descobrir mais de si mesmo e o mundo construindo pelos seus olhos, a meditação era recorrente. Entrava mata adentro, sem programação de dia e horário, para desvendar os mistérios sem resposta para suas perguntas.

Um dia – este foi marcante – , pelo meio da noite, quase de madrugada, entrou na floresta nu, em dia chuvoso, perdendo-se por algumas horas, testando seus medos e se projetando fora do corpo para a estrada de chão, por onde entrara, com rosto desfigurado, olhando de volta para si.

O medo já era uma etapa vencida na juventude. A solidão também. A escuridão era apenas complemento dos enfrentamentos contra as fraquezas humanas. Sua relação com a natureza era de amizade incompreendida. Conversava com plantas e seres inanimados.

Sua sensibilidade era hiperdimensionada. Podia ouvir mais do que os outros. Podia ver mais do que seus semelhantes. Os demais sentidos não eram tão apurados, contudo contava com a sexta visão, capturada em livros e na prática da curiosidade. Seu corpo não importava. A mente, sim!

Era o prenúncio da inserção da religiosidade e de todos os seus ritos como caminhada necessária.